8 de abr. de 2019

Hello, stranger.



Desconhecido. Somos programados para temê-lo. O homem não consegue justificar o desconhecido, então inventa teorias para compensar. Tudo o que o homem não sabe, existe uma teoria por trás que garante estabilidade. É assim desde o começo dos tempos, é assim até hoje com a vida e com a morte, é assim com a igreja, é assim com a paixão, é assim com o amor. O homem é fraco, mas quer se transparecer forte. E é por isso que o homem é vago, se faz vazio, se completa com o abraço, teme o estranho, enfraquece com o beijo, se deleita com o prazer, enlouquece na luxúria, perde a razão nos sentimentos.

Conhecer o outro pede calma. Pede força.
É preciso ter paciência.
E também um pouco de disciplina.
O outro é estranho.
O desconhecido gera medo.
Faz-se intenso.
O coração acelera. O pulso aperta. A respiração ofega.
Quando você menos espera...
O outro completa.
Anseia-se um beijo ao final do dia.
Sorri com um carinho leve nas costas, feito com perfeição.
O toque vai se encaixando, até que as mãos se entrelaçam pra serem uma só.
A vontade do outro ensurdece, deixa cego.
O carro vai na madrugada a caminho do encontro.
Nada se sabe sobre isso. Sobre ele. Sobre o futuro.
Nada se sabe sobre confiar. Sobre amar.
Hello, stranger.

O ser humano é complexo. Cada um de nós somos criados de formas únicas. Sofremos influências externas que, mesmo se criados na mesma família, debaixo do mesmo teto, nos transformam em seres divergentes. Seres especiais. Cada qual tem sua qualidade, e também o seu defeito. Tudo é uma balança, e tudo se equilibra. A gente é feito assim, se transforma assim, se diverte assim. Descobrir o ser humano é uma das maiores aventuras que a vida pode nos proporcionar. Descobrir pequenices, descobrir manias, descobrir vontades, descobrir os opostos é algo sensacional. Impagável.

Sou do time que gosta de descobrir - e que demora a ser descoberto. No fundo, sou uma caixinha de surpresa, com meu humor latente e minha preguiça envolvente. Gosto de descobrir o sorriso ao final de uma surpresa. Gosto de receber o abraço após um presente. Gosto de levar estranhos para conhecer o desconhecido. Gosto de planejar as viagens, só para satisfazer quem está comigo. Gosto de ser genuíno o tempo inteiro, por mais que tudo isso me exponha ao limite do pensamento. Gosto de dar as mãos, de abraçar (mas não muito - meu espaço é único), gosto de dizer eu te amo. De mandar flores e chocolates. Gosto de descobrir o que completa o outro pra, assim, me sentir completo também.

É tempo de deixar-se descobrir. De permitir o impossível. De abraçar um caminho. E deitar em um peito que dá aconchego. Mudanças de rotas são bem-vindas. Curvas bruscas são esperadas. Lombadas abaixam a velocidade. Mas, ah, estranho: a vida preparou um belo mapa para nossas mãos e bocas.

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