4 de dez. de 2015

2015


Eu terminei 2014 escrevendo neste blog que eu “tinha uma carta nas mãos para 2015”. A carta, no caso, era uma novidade, um novo emprego, o meu terceiro da vida. Eu passei 5 anos no iG e 5 anos na Abril, onde praticamente criei amizades que quero levar para a vida inteira e onde eu aprendi a trabalhar, onde me encontrei profissionalmente e, por isso, o ano que começava tinha cheiro de desafio: estava decidido a deixar a empresa porque, simplesmente, ela não me realizava mais. Voltei das férias coletivas anunciando a ida para a Condé Nast. E assim fui. E só lá eu percebi o que alguém pode sentir por não fazer o que quer profissionalmente. Eu entendi o desespero, a tristeza, o vazio. Por isso, meu período lá fui curto, 3 meses que valeram anos, quando rapidamente aceitei o desafio de ir para a Caras, trabalhar com amigos e de frente ao meu namorado. Um grande acerto. A Caras, apesar de também curta, me fez conhecer gente profissionalmente boa, me fez entender melhor algumas questões burocráticas e, principalmente, me fez entender o que eu realmente gostava de fazer. E eu esperava ficar por lá um bom tempo, até que em julho, a Giuliana Tatini me convidou para um novo desafio. 

A Giu merece um parágrafo à parte. Eu a conhecia da Abril, por ouvir outras pessoas comentarem sua competência e sua braveza. Eu tinha medo cada vez que eu tinha que falar com ela, apesar de ela sempre ter me tratado muitíssimo bem. Rumores. Trabalhar com a Giu foi uma das coisas mais agradáveis, legais e cativantes desse ano. Ela me ensinava a cada reunião, a cada decisão, a cada postura e a cada sorriso que dava, cada realização, o que era ser um bom profissional. Mesmo sem ela nem imaginar, eu analisava cada passo que ela dava para eu poder, um dia, quem sabe, me espelhar. Giu é foda em tudo o que diz e faz e eu me sinto totalmente feliz, satisfeito e agradecido por ela ter confiado em mim e me levar ao Estúdio Globo, na Editora Globo, onde conheci melhor tantas outras pessoas competentes. Giu foi desbravar novos desafios e deu lugar à Fernanda, que também, em tão pouco tempo, já se mostrou capaz de mover um mundo para entregar algo que a deixe satisfeita. São dois sorrisos por dia: ao acordar e ir trabalhar e ao ir embora e saber que estamos fazendo algo bom.

Profissionalmente, foi um ano turbulento até chegar onde estou agora. Cuidando de um projeto que me realiza a cada produção, que me deixa feliz a cada publicação, que tem um time completo e incrível de profissionais que ensinam, compartilham e vibram junto. Eu realmente quero ter essa carta na manga para 2016 – porque eu espero que esse projeto tenha vida longa e continue me deixando feliz. 

Ufa. Chega de falar de trabalho, é hora de falar de todo o resto. Eu tenho essa mania de escrever a retrospectiva no blog (e, confesso, nem lembrava dela agora, mas o Matheus me deixou feliz ao postar que espera ansiosamente pelo texto. É bom saber que alguém te lê e que gosta do que lê). Eu amadureci muito em 2015. Eu aprendi a criar barreiras e escudos sentimentais pra não me permitir passar por coisas que já passei. Lá pelo meio do ano, eu sofri um baque emocional que quase me fez desmoronar. Mas eu sou cercado por anjos. Michele, a sempre Michele, e Lucas me seguraram muito bem. Todas as horas que eu quase sucumbi, eu sentia uma mão me segurar pelas costas. E não foram poucas. Não tem como esquecer aquele momento em que compartilhávamos uma nova experiência em uma festa e eu, dançante e sorrindo, abri os olhos no meio da minha música predileta do ano, Blank Space, e vi tudo o que não queria ver. Não tenho como esquecer a sutileza, a rapidez e não sentir o calor dos dois abraços que ganhei momentaneamente e que me deixaram, no meio da balada, chorar pra ninguém ver. 

A vida prepara surpresas que não esperamos simplesmente para nos tirarmos do conforto. Eu ainda não entendo muito bem os acontecimentos daquela época e nem sei bem de quem é a culpa de tudo aquilo acontecer. Mas foi ali, o maior aprendizado. Eu consegui deixar gente pra trás com facilidade, consegui seguir a vida e, principalmente, me abri para conhecer gente nova, dar risadas diferentes, segurar mãos mais quentes e me permiti a aventuras que nunca tinha me permitido. Foram loucuras, foram dias divertidos, foram dias doloridos, mas que ajudaram a construir um cara mais esperto. Como me disseram hoje, “você não deve ter um só pé atrás, você deve ter um atrás e o outro pronto pra correr”. 

Dormi em um espaço minúsculo com o Renan e o Mozart, com pernas magistralmente encaixadas e com o Renan se segurando em meu peito para não cair. Dormi em camas brancas, fui infantilóide quando senti meu coração vibrar mais forte por alguém, tive conversas longas e sérias com gente diferente. Fui pela primeira vez meditar e comecei a meditar sozinho em casa, mesmo que 5 minutinhos. Mudei de academia. Sentei em uma mesa de bar com estranhos só porque eles me chamaram e bati um papo sobre política como se fossemos melhores amigos. Dormi na casa de um estranho pela primeira vez – e saí com um estranho pela primeira vez. Chorei escondido ao ver o País afundar politicamente e me senti totalmente pequeno quando percebi que não adianta gritar, mas vamos ter que assistir os jogos vorazes de camarote. Ouvi Adele e cantei até os pulmões explodirem. Viciei a mim e outros em Taylor Swift. Fui em shows. Chorei em um show no ombro do Alcides simplesmente porque aquele momento era pra ser compartilhado de outra forma. Fiz aventuras e mais aventuras com o Lucas – e a gente se divertiu pra valer. Conheci melhor o Renan e fiquei perdidamente apaixonado pelo jeito ingênuo dele. Aumentamos o grupo. Recebi uma declaração da Gabrielle no meio da balada que me fez abrir um sorrisão de felicidade. Vi o Matheus se fantasiar e chorei de rir com ele tocando na Yacht. Conheci o novo namorado do meu ex-namorado no meio da balada. Senti a felicidade deles. Fiquei feliz por ele ter achado alguém que faça o que eu não consegui fazer. 

Vi a Michele ir embora. Acompanhei a Michele longe. Vi a Michele voltar e a gente continua, oh, a mesma coisa. Passamos um final de semana em uma viagem inesquecível presos em um sítio sem sinal de celular e foi uma experiência maravilhosa. Chorei. Me aproximei da Balera e da Teruya. Ah é, bie? Eu sempre disse que a melhor parte da vida é descobrir pessoas. Eu fico quietinho no começo porque tenho vergonha e preciso fazer uma análise rápida do que é cada um. Depois, quando eu me sinto confortável, eu me deixo conhecer. E, não adianta, foi amor. Amor por estar no meio de tanta gente legal, tanta gente bonita, tanta gente de coração bom. 

VIBES. Poucos dias superam ~aquele~ dia.

Vi minha irmã casar. E foi um dos momentos mais lindos e sinceros que já tive na vida. Vê-la ali, linda, subir no altar e pegar nas mãos do homem que ama me fez acreditar no amor, na bondade, nas pessoas, e me fez querer ter alguém pra compartilhar  vida comigo dessa forma. 

Viajei para a Disney. Depois de ameaçar voltar para NY 2 vezes durante o ano, acabei fazendo uma viagem não planejada de última hora para comemorar o meu aniversário de 28 anos. Não sei se fui contagiado pela felicidade do lugar, mas eu passei 8 dias leves, de sorrisos sinceros, de mãos dadas, dormindo de conchinha e de momentos que vão ficar gravados na memória para o resto da vida. Eu quero voltar para aquele lugar todas as vezes que forem possíveis só porque, ali, não há tristeza. Existe amor. Existe fofura. Existe um mundo mágico e é possível senti-lo em todo o canto. 

Pintei meu cabelo de inúmeras cores. Fui criança. Passei por todos os sentimentos que alguém pode passar. Tive acessos de raiva como nunca tive antes. Vi meu corpo reagir ao meu emocional. Levei um susto físico no meio do ano. Preparei surpresas de aniversário para alguém. Corri na chuva e me molhei e deixei o vento secar, sentado em um jardim olhando o céu. Peguei o carro e viajei. Aprendi que não adianta eu me planejar muito. Não adianta eu querer prometer que 2016 vai ser melhor. 2015 foi o que tinha que ser, da melhor forma possível. Se eu tivesse o planejado, ele não seria da forma que foi. Se eu não tivesse me permitido tanto o desconhecido, eu não teria me surpreendido tanto. A vida, infelizmente, não é como uma agenda ou um plano orçamentário. A gente tem que ir dando passos, ora longos, ora curtos, e estar disposto a tropeçar. E se a queda machucar, existem curativos espalhados por aí. São meus amigos, é minha família, é o coração que me mantém vivo.

Por isso, 2016, eu te espero. Espero de braços abertos com o que você quiser me trazer. Espero, só, que me deixe escrever de novo ao final do ano. É uma delícia relembrar tantos momentos assim e, sentado aqui, ao som de Piaf, percebi que o ano não foi terrível como eu imaginava que foi. Ele foi maravilhoso, porque ele foi cheio de amor - mesmo que, por alguns meses, esse tenha sido o meu maior motivo de tristeza. 2015, em resumo, é a foto desse post.

Um grande beijo,
Caio

3 comentários:

Douglas Costa disse...

Nossa que ano! Lendo sua retrospectiva (também li a do ano passado), me fez parar e pensar no meu ano. Ano em que quase morri por negligencia minha, mas que consegui sair do fundo do poço e hoje estou mais feliz do que nunca.

Feliz 2015 para nós e que venha 2016 :) <3

Anônimo disse...

E a Avril?

Carolina Taconelli disse...

Que massa! Taí, me peguei fazendo minha retrospectiva mental!
Adorei!