14 de abr. de 2015

mais, mais, mais e mais mudanças.

eu estou com uma vontade louca de escrever, apesar de não saber exatamente o quê. pensei em várias coisas, em como minha vida mudou loucamente só neste primeiro trimestre de ano que passou, ou como encaminhei algumas decisões que, no final, ainda são incertas. sempre fui um cara relutante à mudanças. nunca gostei – talvez entenda melhor agora; não era gosto, mas medo. mudar o que está confortável requer um esforço grande que, às vezes, acaba não valendo tanto a pena. por isso vemos pessoas infelizes no trabalho, no amor, na vida. por aceitar o conforto. 

quem me acompanha um pouco, sabe que minha vida pessoal foi um pouco insana nos últimos anos. foram difíceis, mas necessários. agora eu percebo que tudo isso é devido a minha hiperatividade social e pessoal: eu não consigo ficar quando não estou feliz. quando eu perco o tesão nas coisas, eu preciso mudar. mas antes disso, me rebelo. crio uma batalha interna que, obviamente, acaba escapando do corpo e rebatendo nos que me cercam. foi no final dos meus 24 anos que eu percebi que o amor da minha vida já não se importava tanto comigo e, com essa informação concreta em minha cabeça, eu revirei o mundo de cabeça para baixo para tentar reconquistá-lo. o resultado foi uma confusão que nem eu ainda entendo. fiz tudo errado, de todas as maneiras possíveis, e tais erros se arrastaram por longos e doloridos anos, onde a tristeza e a incerteza imperavam minha vida. hoje, ao encontrar uma carta guardada em uma caixinha secreta, sem querer, leio as letras tortinhas e sinceras e duas lágrimas caem dos olhos que, semi-cerrados, ainda lembram daquele rosto, que agora virou história. “não presta separar chateados”, sua avó dizia. o destino (talvez Saturno) fez com que fiquemos exatamente como sempre lutamos para não estar.

eu não desconsidero o passado, dado que ele me formou. todas as minhas histórias são muito vivas em minha cabeça e, aí, talvez more um grande pecado meu: insisto em relembrá-las em momentos não muito agradáveis. é que quando eu sinto uma emoção que já senti um dia, acabo ligando os pontos e trazendo tudo à tona. meu jeito, com um grande déficit de atenção, faz com que eu solte as palavras que deveriam ficar ali, guardadas na caixinha. quem vive de memória é museu, dizem, então eu quero ser formado por elas. 

no final dos meus 26, então, já com a vida um pouco mais ajeitada e desbravando novos caminhos, entendi que o trabalho já não me deixava tão feliz. foi preciso aceitar mudar novamente para enfrentar um novo desafio. os astros, talvez, entenderam o recado e colocaram uma oportunidade à minha frente, que foi muito bem aceita. meu coração, hoje, é aberto ao novo – e minha forma de encarar as pessoas, mundo e sociedade, graças à Deus e para a minha sanidade, evoluíram. fui. mas faltou o tesão. percebi na primeira semana, enganei a cabeça e me forcei a ficar. dois meses e poucos dias depois, acabei aceitando uma nova proposta, que me parecia mais “feliz”. fiz em uma semana o que não fiz em dois meses. não tem dinheiro, status ou lugar no planeta que pague simplesmente o fato de você trabalhar e nem sentir o dia passar, porque você está fazendo aquilo certo, aquilo que gosta. claro, causei um rombo financeiro que está me deixando de cabelos brancos por isso. mas hoje sei: uma hora, o dinheiro vem.

às vezes a gente se força para amadurecer, para destruir desafios com mais facilidade e menos dor. criamos barreiras internas para se defender do mundo, deixamos de lado vontades simplesmente para se encaixar melhor no meio. é incrível e clichê, mas a vida tem o seu tempo para cada um. não sou muito de acreditar em destino, mas parece que alguém já escreveu o seu livro e, por mais que a gente tente apagar algumas letrinhas, elas voltam a aparecer na próxima página. 

antes eu era louco por sair de balada; hoje eu já não vejo mais tanta graça (claro, adoro sair e dançar até o mundo acabar. mas vez ou outra, tá?)
antes eu queria muito, muito dinheiro; hoje eu entendo que nunca vou ser milionário, mas, talvez, vou ser sempre feliz fazendo o que faço.
antes eu queria saber amar. hoje eu sei que já aprendi um bocado e, por isso, abaixo a cabeça tantas vezes do meu dia – porque estou compartilhando tal aprendizado com alguém mais cabeça dura que eu. 

nada é certo, e é isso que torna a vida boa. não quero acordar todos os dias com a rotina escrita; quero me desafiar, quero tropeçar no caminho de casa, quero me apaixonar no metrô e ver o cara descer na próxima estação, quero cair da cadeira pra poder levantar, quero errar pra aprender, quero acertar pra crescer. esse desafio, essa descoberta, o engatinhar que a gente dá, mesmo com 27 anos nas costas, é que liga o foguinho da vida dentro da gente. quando tudo fica igual, todos os dias perdem a graça, aí, talvez, já não vale mais tanto a pena. isso não quer dizer que acabou, mas sim que chegou a hora de, de novo, mudar. 


6 comentários:

Perek disse...

Nunca comento pois aqui é o tipo de lugar que a gente lê, mas não comenta, porque não precisa. Hoje só resolvi antes de ir, dizer que "te ouço" quando você "fala" por aqui. Beijo Caio.

Perek disse...

Nunca comento pois aqui é o tipo de lugar que a gente lê, mas não comenta, porque não precisa. Hoje só resolvi antes de ir, dizer que "te ouço" quando você "fala" por aqui. Beijo Caio.

Anônimo disse...

Que bonito. Quanta verdade, cara!
Boa sorte.

Lena disse...

Quando eu venho aqui, esporadicamente, eu lembro muito da nossa amizade, velha amizade que ficou guardadinha nas janelas no msn e nas pastas de um Windows xp!
Será que ele ainda tem a minha carta? Eu lembrei sem querer disso ontem sem nem mesmo ter lido o post (e que fique claro que a pessoa da carta não sou eu rsrsrsrs).
Nossa paixão pelas histórias do Maneco, seus últimos anos de segundo grau...
Eu sinto saudade mas sei que a vida da mil voltas.
E tenho que lhe dizer que você me descreveu nesse post, só falta mesmo a coragem de perder o medo de mudar.

Amo você Cainho <3

Matheus Monteiro disse...

Me encontrando nos seus textos! Bom achar algo que nos deixe querendo ler mais coisas e nos faca ficar lendo mais e mais. gostei mesmo. ate me inspirei a voltar a escrever rs. abs

Anônimo disse...

Experiências loucas e sem título são sempre válidas.
Porque dizer não, sendo que você pode ter semanas ou meses fantásticos?

Ahh, e entendimentos do futuro são sempre bem vindos. Eu também não vou ser rico, mas serei feliz fazendo o que gosto.
Tá ótimo =)