7 de fev. de 2010

evolução

maria, criança de 4 anos, andava pela casa daquele jeito que só as crianças sabem fazer. tortinha, de meias coloridas nos pés, os braços gordinhos se abriam a cada hora que via o seu melhor amigo, o ursinho gigante, também colorido. apertando o tal bicho, maria ganhava segurança. toda a segurança que seus pais, ausentes e trabalhadores, não davam.

carlos, menino de 12 anos, andava pela escola com aquele jeito estranho de um pré-adolescentes que está crescendo. cheio de espinhas na cara, o ombro tímido das horas no computador, mostrava um sorriso metalizado a cada vez que via o seu melhor amigo, o outro menino, que trocava figurinhas com ele a cada intervalo. o amigo que trocava figurinhas dava alegria, toda a alegria que ele não tinha fora daquelas 5 horas de escola.

carol, menina de 16 anos, andava pela rua como uma princesa independente, gostosa, com os peitos quase de fora, mascando um chiclete e falando no celular, sentia o coração acelerara a cada vez que via o jogador de futebol mais gostoso e sarado que ela já vira na vida. o jogador mais gostoso e sarado fazia ela se sentir gostosa, se sentir mulher, a cada trepada que davam dentro do carro.

andré, homem de 20 anos, andava de moto como se fosse o cara mais livre do mundo. com os cabelos na cara, sentia o vento bater e achava que podia voar. com toda a sua rebeldia, esquecia de todo o mundo quando cheirava o máximo que podia. cheirar, para tal homem, fazia ele esquecer das dívidas, do amor, da feiura, da tristeza, da moradia.

caio, menino-homem de 22 anos, andava de ônibus para lá e para cá. não livre, amando, tristonho, sem espinhas, meio torto, endividado, não gostava de drogas, vivia da internet, trabalhava das 10h às 20h, comia, conversava, cantava das 22h às 0h, dormia das 02h às 07h. saía de vez em quando, bebia umas biritas, fumava alguns cigarros, gritava nas músicas preferidas, amava como um desesperado. sorria a cada encontro. chorava a cada encontro. de uns dias pra cá, caio não sabe mais o que o faz feliz - e bem - na vida. caio não quer desistir.

ricardo, homem de quase 27 anos, nunca foi transparente. sempre guardou suas emoções, sempre escondeu suas tristezas, sempre fez coisas sem contar. dizia ser bem resolvido como ninguém. e era. conheceu uma pessoa que o desestabilizou. beirou a loucura. quase se matou. sorri com os amigos, mas chora com o amor. ricardo, homem de quase 27 anos, precisa tomar ar, para aprender a respirar e, quem sabe, entender o que é amar.

5 comentários:

L. Fernando disse...

já pode favoritar? hahah!

gostei de ver o Caio mais 'Caio' na blogosfera - tão bom quanto o profissional do Sem Paletó e etc... (que molda meu guarda-roupa nos últimos tempos).

parabéns, beijos!

Mikael disse...

Espero que o Caio siga em frente e nunca desistindo como diz no texto e no final descubra separar o joio do trigo e continuar nas suas escolhas...

O garoto continua dentro de vc igualzinho, só falta ele sorrir novamente....

Anônimo disse...

adorei!

Anônimo disse...

Ótimo. Mesmo, um dos melhores dos últimos tempos. Parabéns.

Bee disse...

eu sei que o caio não vai desistir, ele é puro amor.