4 de dez. de 2009

canta a música, minha flor

ela é sem ritmo, é sem rima e é sem graça. ela é estranha, é ruim e mal cantada. ninguém sabe o que diz, mas sabem que ela é amarga. dizem que chora, dizem que escorre lágrimas. ela é assim, meio dúvida, meio certeza, meio dolorida, meio beleza. ora soa gostosa, ora soa chorosa. a música se espalha pela casa como uma criança novata. gosta dos vasos, desliza nos cantos, passa da mesa, pinga no banco. o homem, jogado no canto, pensando no amor, escuta com a certeza de que a música que toca não diz nada, não tem sentimento, não tem carinho, não tem bondade. o homem chora. o homem chora o passado, chora a vergonha, diz que é mal tratado. o homem sabe que está errado. o homem sabe que erra. o homem não arruma o passado. o homem desistiu de viver, desistiu do prazer, desistiu de querer. o homem percebeu que na sua vida, quem manda, são os outros. seu amor, quem tem, é outrém. sua dor, quem sente, é ninguém, senão ele, jogado na sala, sentado na mesa, com aquela velha incerteza... será que um dia alguém vai saber o levar?

e a música toca, toca, toca sem parar.

2 comentários:

Gabriela Andrade V disse...

Man, eu simplesmente atóron os seus textos e não é brincadeira. Falo sério. E as suas rimas foram brilhantes. Sua fã. O:

Gabriela Andrade V disse...

Man, eu simplesmente atóron os seus textos e não é brincadeira. Falo sério. E as suas rimas foram brilhantes. Sua fã. O: